Um grito pela paz, justiça e fraternidade

Era janeiro de 2019 e, mais uma vez, um grande movimento começou a acontecer no meio da juventude do país, vindo a ser tão intenso que até a juventude do país vizinho, Paraguai, o sentiu e também começou a se movimentar. O celular, uma parte quase integrante do corpo dos jovens, ficou ainda mais inseparável. A todo momento, verificavam as novidades comunicadas via WhatsApp e Instagram. Seus pais e parentes, de longe e de perto, seus amigos e conhecidos, todos ao redor da juventude, começaram a se perguntar o que estava acontecendo por tamanha euforia.

E os jovens confirmaram. A data era aquela, tinham que ir. Os irmãos e irmãs os chamavam e os aguardavam para fazer acontecer a IV Experiência da Missão Sem Fronteiras da Juventude Missionária.

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O aeroporto e a rodoviária tornaram-se pontos de encontros, como uma praça onde as saudades são aniquiladas e amizades iniciadas. Os que chegavam primeiro aguardavam os que logo chegariam. Todos se dirigiam para o município de Contagem em Minas Gerais. O ponto de encontro era a Paróquia São Domingos, no bairro Nova Contagem, realidade de sofrimentos, dificuldades e esperanças como toda realidade periférica. Ali se encontrariam mais de 100 jovens, oriundos de vários estados brasileiros e do Paraguai, com um objetivo: testemunhar o amor de Cristo que nos faz todos irmãos, pois “Deus não faz distinção de pessoas”, conforme o lema dessa IV experiência missionária sem fronteiras. A turma ali reunida buscava romper barreiras criadas pela cultura do medo e da indiferença, que afastam um do outro. Queriam amar a exemplo de Jesus que acolhia a todos e todas.

E, de repente, a casa dos padres começou a encher de sotaques diferentes, de risos, de expectativas, de alegria. O Evangelho é sempre alegria, a missão é sempre instrumento de fraternidade. Os padres, desconcertados, aos poucos entraram no ritmo da juventude e com eles aprofundaram ainda mais os mistérios de suas comunidades, de seu povo.

Vibraram com a vibração da juventude. Quando todos se reuniram na casa e começaram os momentos de oração, reflexão e formação, entenderam que tudo era expressão de um amor maior que os faziam se sentir irmãos e irmãs, no irmão Jesus Cristo. Testemunharam o que outrora os primeiros cristãos vivenciaram e a Sagada Escritura intitularia de Pentecostes.

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O encontro de dois dias alimentou, fortaleceu os sonhos da juventude, estreitou laços e os preparou para a vivência que ainda teriam junto às ruas, vielas e praças das comunidades, entre momentos que fizeram parte do envio junto às casas das famílias. Permaneceram com elas e diariamente iam ao encontro de outros jovens, de outros idosos e crianças, de outras famílias. Por onde passavam, os jovens da JM estavam comprometidos em anunciar e testemunhar que um mundo cheio de amor, de irmãos e irmãs, era possível.

Mas o encontrar não era suficiente, porque o amor sempre exige mais. Era preciso propor uma interferência na realidade e, na busca dessa realização, promoviam, à tarde ou à noite, pequenas oficinas de temas variados e a partir do que havia em torno, que ajudava os irmãos a refletirem sobre suas realidades e a vida que levavam. Assim, ajudaram a refletir sobre a saúde, o meio ambiente, sobre cidadania e sobre sua vida de fé.

Em uma tentativa de chamar a atenção para o problema que assola o mundo e nossas comunidades, sobretudo as mais empobrecidas, foi organizada uma caminhada pela paz, em que toda a turma JM se reuniu, juntamente com quem tinham encontrado pelas comunidades. Percorreram ruas e bairros com um grito pela paz, justiça e fraternidade, motivados por nosso Deus que não faz distinção de pessoas. Todos têm direito a uma vida plena e em abundância. Curiosos olhavam o movimento e pareciam se perguntar: Quem são esses? Desconfiados não davam créditos e murmuravam entre si, como se dissessem ser mais uma arruaça desses jovens… Porém, esperançosos vieram e se juntaram e, com eles, cantaram mais uma vez o soneto de amor e esperança.

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Depois de toda essa vivência que durou dez dias, veio a hora de voltar para casa. Em uma celebração eucarística intensa e comprometedora, foram enviados a fazer ecoar aquelas vivências por onde fossem. E aquela turma de mais de 100 jovens que havia se multiplicado teve que se despedir. O sentimento de sonho realizado e de missão cumprida transparecia no rosto de cada um e de cada uma.

Vieram os risos, as lágrimas… Encheram o coração de abraços, apertos de mãos… Mostraram o que a juventude é capaz de fazer acontecer. Aquele encontro de dez dias, nas terras das Minas Gerais, fortaleceu ainda mais as convicções de uma igreja samaritana e alegre, capaz de fazer arder os corações daqueles e daquelas que se encontram pelos caminhos.

Assim foi a IV Experiência da Missão Sem Fronteiras, momento concreto de experimentar que um mundo sem barreiras, muros e cercas, é possível. Mostrar como pequenos gestos e atitudes constroem um mundo de irmãos e irmãs. Oxalá, sintamos, a cada dia e com maior intensidade, o nosso coração arder e nossos pés se agitarem para não sairmos dos caminhos da missão.

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