Pauline Jaricot: Jovem leiga missionária

Por Pe. Genilson Souza* 

Há 200 anos nascia a Pontifícia Obra da Propagação da Fé como uma rede de colaboração à Missão.

Sua fundadora, Pauline Maria Jaricot, nasceu em Lyon, na França, em 1799. Era a caçula dos sete filhos de Antoine e Jeane Jaricot, católicos e comerciantes de seda. A cidade de Lyon remete aos primeiros séculos da era cristã que teve Santo Irineu como seu segundo Bispo. Marcada por uma vida feliz nos anos iniciais, a jovem Pauline decidiu ser mais exigente consigo, querendo lidar com situações concretas acerca do que via e ouvia sobre a necessidade das pessoas. Tinha um apreço muito grande por seu irmão Phileas, o qual buscou o caminho do sacerdócio e a caminhada para ser missionário na China.

Pauline era uma menina devota na oração, na Adoração ao Santíssimo Sacramento e à Virgem Santíssima. Certa vez, com graves problemas de saúde e em aflição pela morte de sua Mãe, a jovem vai à Igreja de Notre-Dame de Fourvère, em Lyon, para rezar diante da Imagem de Nossa Senhora, que apresenta o menino Jesus ao mundo.

Nesse período, ela começa uma vida voltada à missão junto aos mais necessitados. Essa iniciativa evangelizadora a faz despertar, com a ajuda de outras jovens mulheres, a criar uma associação de nome Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus.

Nessa época, seu irmão estava no seminário e falou com ela a respeito do envio de padres para a missão na Ásia, e da necessidade de recursos da sociedade responsável realizar esse serviço missionário. A Associação das Reparadoras lança, então, a proposta de formar novos membros para angariar fundos para as missões, com uma ideia inicial muito simples: oração pessoal e angariar fundos numa rede de relações interpessoais. A ideia foi tão inovadora que se expandiu rapidamente na França e em outros países. Da comunicação entre os irmãos e a disposição pessoal de Pauline, nasce a Sociedade para a Propagação da Fé, em 3 de maio de 1822.

Outra salutar ideia de Pauline ocorreu em 1826, ao criar o caminho místico, a alma da Propagação da fé, com o Rosário vivo, meditado pelos mistérios da vida de Cristo na intercessão da Virgem Maria. Com isso, a jovem une a Obra da Propagação da fé à oração a Deus, transformando a oração do rosário numa realidade viva de apoio à missão da Igreja. Nessa iniciativa, seu sonho era que o Rosário vivo aproximasse as pessoas espalhadas pelo mundo, em união à missão da Igreja. Unia-se, desse modo, cada pessoa na oração, sacrifício e solidariedade à missão. Vê-se assim o que movia Pauline nessa Obra: a mística da espiritualidade missionária.

A vida de Pauline não teve somente flores. Por ser mulher, leiga e jovem, a atitude de tal Obra em seu contexto, não foi fácil. Sua existência foi marcada por grandes sofrimentos físicos, emocionais e espirituais, “as cruzes que nos talham amigos de Deus”. Não seguiu o caminho da vida religiosa. Seguiu sua vocação na consciência de ser uma leiga dedicada aos pobres e à missão. Na sua ousadia profética, enfrentou dificuldades, indiferença, rejeição, ficou empobrecida materialmente, mas cheia de esperança, fé e caridade. Seu amor a Deus, à virgem Maria e às missões nunca perdeu força, vindo a falecer em 9 de janeiro de 1862.

O belo trabalho iniciado por Pauline chegou a várias partes do mundo e foi reconhecido, em 22 de maio de 1922, pelo Papa Pio XI. Declarou como Pontifícia Obra da Propagação da Fé, tornando-se Organismo oficial da Santa Sé para cooperação missionária, que recolhe ofertas no dia mundial das missões em prol de 1050 dioceses carente no mundo. Ela é a primeira das quatro Obras Missionárias Pontifícias, as quais todas têm o objetivo de promover o espírito Missionário universal no seio do povo de Deus. A propagação da Fé no Brasil atua diretamente com a Juventude Missionária, as Famílias Missionárias e os Idosos e Enfermos Missionários.

Nessa caminhada, a data de 3 de maio de 2022 será a Celebração dos 200 anos dessa Obra Pontifícia, já a celebração dos 100 anos das Pontifícias Obras missionárias será alguns dias depois, em 22 de maio, data marcada para a beatificação de Pauline Maria Jaricot, “uma benção para a Igreja” (Papa Leão XIII) e para o mundo. Nas palavras de Paulo VI: “A semente, lançada modestamente ao chão por Pauline Jaricot, tornou-se uma grande árvore: a Obra da Propagação da Fé… seguindo as pegadas de Pauline Maria Jaricot, toda a Igreja está convidada a se engajar concretamente.”

* Secretário da Pontifícia Obra da Propagação da Fé

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