“O Espírito do Senhor está sobre mim”

Por Pe. Irineu Moreira Meira*

Casa Bom Samaritano, na Paróquia São Pedro Apóstolo em Macarani (BA), assume a vocação de Igreja missionária e libertadora com projeto social que tem por finalidade estar a serviço da vida plena para todos.

Sou o padre Irineu Moreira Meira, 44 anos, presbítero diocesano do clero da Arquidiocese de Vitória da Conquista (BA) e completei, em 4 de março, 15 anos de ordenação pela graça de Deus, em que assumi como lema do meu ministério a frase bíblica de Jesus ao proclamar, na sinagoga, o seu plano missionário: “O Espírito do Senhor está sobre mim…”. Naquele dia da minha ordenação senti a confirmação do chamado e de ser um enviado em missão como discípulo missionário do Mestre Jesus de Nazaré.

Ao fazer memória desses 15 anos como presbítero, venho confirmando em minha vida e na ação pastoral que a missão é de Deus, e o quanto Ele foi e é generoso com este pobre servo. Diante dos meus inúmeros limites, procuro sempre realizar o mandado missionário no meio do povo, como nos diz o grande catequista o padre Zezinho “me chamaste do meio do povo a coisa que eu mais queria! E, pra que eu entendesse meu povo com tua sabedoria me deste uma profecia! Mandaste eu olhar o meu povo, estudar o meu povo, ouvir o que o povo diz, e agora me ordenas que eu volte para o meio do povo e ajude o meu povo a ser feliz. A tempo e contratempo eu pregarei, na tua palavra de paz eu insistirei, sou de paz, mas se for pelo povo eu brigarei, me chamaste pra eu ir ao teu povo e ao povo eu irei!” Com isso procurei ser sempre sinal do Cristo Pastor e missionário. Só me resta com o salmista render graças a Deus porque Ele é bom e eterna é a Sua Misericórdia”.
Durante esta caminhada missionária como presbítero, com a graça de Deus e o apoio dos irmãos, pude colaborar com as paróquias: São João Batista – Anagé; São Pedro – Ibicuí; Nossa Senhora Imaculada Conceição – Nova Canaã; Senhor do Bonfim e Santa Rita de Cássia – Planalto; Paróquia Santa Teresinha; e como formador do Seminário Maior de Filosofia Nossa Senhora das Vitórias – Vitória da Conquista; e no momento na Paróquia São Pedro – Macarani. Como assistente eclesiástico, colaborei com o COMIDI; Infância, Adolescência e Juventude Missionária; Movimento Mãe Peregrina; OVS; Vigário regional do Vicariato São Marcos; Coordenei a IAM nos Estados da Bahia e Sergipe por dois anos; e no momento Vigário regional do Vicariato São João. Sempre me coloquei à disposição da Igreja onde pudesse me enviar.

Todo esse trabalho missionário desempenhado no anúncio da Boa Notícia de Jesus não foi e não é por meus méritos, mas por GRAÇA DE DEUS e o auxílio constante do Espírito Santo em minha vida. E quero destacar a importância das POM – Pontifícias Obras Missionárias e do CCM – Centro Cultural Missionário na minha formação missionária. Lembro-me com muito afeto e carinho dos bispos, padres, religiosas e muitos leigos missionários que foram grandes sinais para o meu despertar missionário: João Panazzolo, Daniel Lagni, Elmo Heck, Jaime Gusberti, Sávio Corinaldesi, Edson, André Negreiros, Antônio Niemec, Camilo Pauletti, Mauricio Jardim, Badacer Neto, Guido Labonté, Giorgio Paleari, Estevão Raschietti, Dom Vitor Menezes, Dom Esmeraldo Barreto, Ir Neiva Fiorentin, Ir. Ivonete de Oliveira, Cida Alves e Érica Ventura. Participamos de grandes momentos de espiritualidade, formação e animação missionária que vivemos nas assembleias nacionais, congressos missionários. E tudo isso faz parte do ardor missionário. Deus seja louvado!

O que fazemos na missão não é para nos engrandecer, mas para que o Reino de Deus floresça e Jesus seja anunciado com alegria por todos nós. Assim que o Papa Francisco assumiu a missão como sucessor do Apóstolo Pedro, os seus pronunciamentos, encíclicas e seus “gritos” proféticos em prol de uma Igreja missionária, samaritana, misericordiosa, acolhedora, Igreja em saída, opção pelos pobres… chamaram minha atenção. Fiquei muito incomodado e senti que teria de fazer algo a mais, pois tudo aquilo que tinha feito não chegava aos pés do que Francisco desejava. Pedi muito a Deus que me tirasse do comodismo e me desinstalasse. O Senhor ouviu minhas preces e, no segundo ano do dia mundial dos pobres, em 2018, chegou a mim o tema, “Este pobre clama e o Senhor escuta” Sl 34,7 e motivados pela parábola do Bom Samaritano criamos a CASA BOM SAMARITANO em nossa comunidade paroquial de São Pedro Apóstolo em Macarani (BA). A parábola do Bom Samaritano para o pontífice é uma dádiva maravilhosa, mas também é um compromisso: “A cada um de nós, Jesus repete aquilo que disse ao doutor da lei: Vai, e também tu faze o mesmo! Somos todos chamados a percorrer o mesmo caminho do bom samaritano, que é a figura de Cristo”. Atendendo a este apelo, dentro dos limites humanos, decidimos promover caminhos eclesiais mais efetivos e assumir com nova força essa opção pelos pobres. Esforçamos por corresponder a nossa vocação de Igreja missionária e libertadora, criamos assim um projeto social e missionário, que tem como finalidade estar a serviço da vida plena para todos, servindo os prediletos de Jesus. “Esta Casa é a comunidade eclesial missionária, suas portas estão continuamente abertas para o duplo movimento permanente: entrar e sair. São portas que acolhem os que chegam para partilhar suas alegrias e sanar suas dores” como nos apresenta as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

Nesse percurso, gostaria de agradecer a possibilidade de partilhar este simples e humilde testemunho missionário com este meio de comunicação SIM, e pedir a todos que rezem por mim e por todos que, de uma forma ou de outra colaboraram com esta caminhada missionária, pessoas que, em seu anonimato, fazem de sua vida uma missão, pois a missão é de Deus e Deus é missão.

* Pároco da Paróquia São Pedro em Macarani (BA)

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