Juventude que é missionária está com os pobres!

A juventude inquieta e inconformada é chamada a dar testemunho de vida através do seu trabalho profético. É da profecia que brota a participação, o amadurecimento e a verdadeira articulação juvenil. Como resultado da consciência crítica e livre, o serviço gratuito fará o jovem empregar seu dinamismo e energia para a construção da ponte que conecta o mundo e a Igreja. Essa permitirá a abertura necessária para que realidade do mundo entre na Igreja e a Igreja entre na realidade do mundo.

Desde o Concílio Vaticano II análises de conjunturas apontam as dimensões mutáveis da modernidade e exigem que a Igreja acompanhe tal câmbio de perspectivas. Impulsionada e presente nas transformações modernas, a juventude deve se fazer protagonista na “virada popular” que abre as janelas da Igreja e deixa o sol e o vento entrar como quem respira novos ares. Através do aggiornamento, conceito usado por Papa João XXIII antes de iniciar o Concílio, a Igreja insiste no diálogo e na aproximação respeitosa aos povos e a suas culturas. Encarnação e solidariedade são tomadas na caminhada da Igreja latino-americana como “opção pelos pobres” desde a Conferência de Medellín. Como presença e resultado da caminhada teológica-pastoral dessas iniciativas de participação social, a juventude é chamada a dar continuidade ao projeto de libertação e inculturação e assim ser farol da luz que é Jesus Cristo no meio dos povos presentes no mundo em constante mudança.

Ao se aproximar dos crucificados na história é que a juventude testemunhará a Igreja samaritana que trabalha pela justiça e com os pobres. Caso contrário, quando enganada pelo excesso de fé emotiva e intimista, desmoronará a ponte que conecta e promove a transformação a partir do diálogo inclusivo proposto por Jesus Cristo. É necessário que a juventude cultive-se como missionária e efetive ainda mais o sentido de “virada popular” que exige presença com os pobres no mundo secularizado e pluricultural, como consciência histórica de que a Igreja é povo de Deus constituído por sujeitos e não rebanhos.

Junto ao diálogo de inserção que permite o Evangelho brotar nas realidades, a audácia do anúncio deve fazer dos jovens fieis missionários. Quando conscientes da necessidade da luta profética que responde aos desafios concretos, a jovialidade dos que ventilam a Igreja é direcionada com maior intensidade para a transformação do mundo que implica estar presente na esfera política, social e humana. São os novos ares que permitem a reestruturação e dinamismo de qualquer corpo. Não é diferente na “Igreja […] casa dos pobres” (DAp 8) que tem a cabeça em Jesus Cristo. Com responsabilidade e amadurecimento na fé, a partir do Nazareno, a juventude é chamada a ir além e atender o clamor dos povos oprimidos pela indiferença do mercado atual. É urgência que os grupos juvenis assumam a opção de ser presença de vida e partilha com os pobres, excluídos e marginalizados.

Guilherme Cavalli

Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé

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