Congresso Missionário anima Igreja no Rio Grande do Sul

por Ricardo Witt *

“A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, é o tema do 1º Congresso Missionário do Regional Sul 3 da CNBB que acontece neste final de semana, dias 28 a 30 na cidade de Caxias do Sul. O evento reúne no Centro de Pastoral da diocese, mais de 100 representantes de organismos missionários, bispos, padres, religiosos(as), leigos(as) e seminaristas de todas as dioceses do Rio Grande do Sul.

O segundo dia de atividades iniciou com a fala de dom Adilson Busin, bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre, relatando a sua visita à Moçambique, onde o Regional Sul 3 mantém um projeto missionário na arquidiocese de Nampula. “O testemunho que dou é a alegria que eu recebi do povo moçambicano. A lição que tirei é que o Reino de Deus está entre nós. Não sei se nós levamos a alegria, mas eu sei que recebi muita alegria. A missão nos ensina o essencial do anúncio do Evangelho”, destacou o bispo.

Um grupo da Infância e Adolescência Missionária (IAM) da paróquia Divino Espírito Santo de Caxias do Sul marcou presença com uma apresentação mostrando o espírito missionário dos pequenos.

DSC_0181O tema do 4º Congresso Missionário Nacional “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, foi apresentado pelo padre Jaime C. Patias, secretário nacional da Pontifícia União Missionária que iniciou a reflexão fazendo memória dos congressos missionários nacionais e continentais. “O fio condutor destes congressos é a missão universal. Estes eventos contribuem para a animar e gerar a cooperação missionária”, sublinhou o assessor. “Não é para esperar atingir a maturidade e depois começar a missão, mas é a missão que nos amadurece. A maturidade eclesial é consequência e não apenas condição da abertura missionária”, sublinhou o padre, recordando as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

DSC_0064Padre Patias lembrou que a missão é de Deus. “Não é a Igreja que tem uma missão, mas é a missão que tem uma Igreja para chegar a todos. A missão nasce de Deus. Sabendo que, pelo batismo, nós somos a Igreja, então cada um de nós é missão de Deus onde quer que nos encontremos”, disse. “A missão vem de Deus porque Deus é amor, um amor que não se contém, que transborda, que se comunica, que sai de si. A Igreja nasceu para estar em movimento, ‘pegar fogo’ e se lançar ao mundo. Essa é sua natureza, sua vocação: sua razão de ser está em sair”, frisou o assessor.

Esta saída precisa ser profunda. Nas palavras do padre Patias, “não é sair simplesmente para impor a nossa vontade e a nossa visão de mundo, querendo organizar o mundo dos outros; isso é dominação. Não é sair para estender a nossa influência na sociedade secularizada e agregar mais adeptos à nossa instituição; isso é proselitismo. Também não é somente sair com as boas intenções de fazer do mundo uma só família e ser solidários com os mais pobres, e buscar com isso apenas uma realização pessoal; isso é auto complacência. A saída missionária exige purificação, atitude penitencial e uma profunda conversão. Essa mudança consiste em passar da visão de missão como expansão ou conquista à missão como encontro, presença, diálogo, mas também anúncio profético”, complementou.

Sinodalidade e comunhão
DSC_0282“Esta saída precisa ser feita com espírito de sinodalidade e comunhão, para que seja possível caminhar juntos, formando unidade na diversidade e, desta maneira, possibilitar um autêntico e profético testemunho de vida cristã junto ao povo muitas vezes crucificado do Continente americano, como fizeram muitos mártires desta terra que não podem ser esquecidos. Enquanto houver profetismo e martírio haverá credibilidade e autenticidade na Igreja”.

“A primeira palavra que Jesus pronuncia tem como finalidade o anuncio da Boa notícia de Deus para os pobres. A opção preferencial pelos pobres esta implícita na fé em Jesus Cristo, naquele Deus que se fez pobre por nós”, destacou Patias. “A missão é ter paixão por Jesus e ao mesmo tempo paixão por seu povo; na doação, a vida se fortalece, e se enfraquece no comodismo e no isolamento, como nos recorda papa Francisco. Este é o espírito da Igreja missionária, em saída”.

Durante a tarde do sábado, 29, os congressistas, organizados em quatro grupos, realizaram visitas às casas de quatro bairros da cidade de Caxias do Sul, onde também celebraram a Eucaristia e confraternizaram com as comunidades. A experiência gerou momento de partilha e propostas para a ação evangelizadora daquelas paróquias.

DSC_0275A missionária da diocese de Bagé, Rita de Cássia Patron Bandera destaca a importância das visitas. “Enxergar Jesus Cristo no rosto das pessoas é o que alimenta o desejo missionário. É sempre uma alegria poder encontrar estas pessoas e poder dizer que toda terra, todas as casas que visitamos é lugar de missão e lugar em que o amor de Deus está presente”.

Para o ex-diretor das POM, padre Camilo Pauletti, da paróquia Santos Apóstolos, uma das comunidades visitadas, a iniciativa “foi um momento de encontro com o povo. Ajudou-nos a sentir a realidade sofrida de algumas famílias e, a partir destas situações, poder rezar. Muitas pessoas visitadas vieram à celebração e manifestaram alegria de terem sido contempladas com a visita. Percebemos que há pessoas da comunidade que gostariam de fazer algo a mais e isto desperta novas lideranças”.

O Congresso encerra na manhã deste domingo, 30, com encaminhamentos e a missa de envio dos congressistas.

Leia também: Igreja no Rio Grande do Sul realiza 1º Congresso Missionário Regional

* Comunicação do Comire, Regional Sul 3

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