A alegria do Evangelho na perspectiva de uma Igreja em saída, servidora e profética foi tema de formação para animadores da missão na arquidiocese de Florianópolis (SC). Promovido pelo Conselho Missionário Arquidiocesano (Comidi), o encontro reuniu nos dias 04 e 05 de março, na paróquia São Vicente de Paulo em Itajaí (SC), 140 pessoas de diversas paróquias.
O estudo do tema contou com a assessoria do padre Jaime Carlos Patias, IMC, secretário nacional da Pontifícia União Missionária que apresentou os fundamentos da missão e o espírito que move os animadores. “A missão é de Deus que se revela em Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado”, afirmou padre Patias. “Missão é a própria essência de Deus Pai, que movido pela compaixão, sai de si para alcançar a todos. Nesse mesmo amor, a Igreja é vocacionada a ser testemunha de Cristo no mundo e na história, até os confins da terra e o final dos tempos”.
O assessor apresentou o Texto-base do 4º Congresso Missionário Nacional (4º CMN) que será realizado em Recife (PE), nos dias 7 a 10 de setembro, deste ano, com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”. Ele explicou que “a alegria dos discípulos missionários tem a sua motivação no encontro com Cristo ressuscitado. Por isso essa alegria faz parte da identidade do cristão”.
Ao refletir sobre o testemunho na Igreja, padre Patias destacou que “profetismo e martírio não estão separados do martírio de Jesus Cristo. Não dá para conceber a missão sem entender o martírio como fidelidade e profecia. Na Igreja, enquanto houver martírio, ou seja, fidelidade a Cristo, haverá credibilidade, profecia e esperança”, complementou o missionário.
Desde 1983, a arquidiocese de Florianópolis envia missionários para a diocese de Barra na Bahia. O coordenador do Comidi e pároco na São Vicente de Paulo, padre Josemar Silva, já esteve em missão no sertão baiano por oito anos. “Este encontro trouxe um novo ânimo e reforçou o compromisso com a missão. Ficou mais evidente que a natureza da Igreja é missionária”, avaliou o padre.
Domingos Pereira, um dos organizadores do grupo de missionários que há 16 anos vai em missão na diocese de Barra enfatizou uma das colocações do assessor. “A missão é de Deus e nós somos seus cooperadores”. Segundo ele, “estes momentos formativos a nível diocesano são importantes para despertar a consciência missionária em todos os âmbitos da Igreja”.
Os participantes do encontro vindo de longe foram acolhidos pelas famílias da paróquia São Vicente de Paulo em sinal de solidariedade e partilha. Generoso foi também o grupo do Cursilho que não deixou faltar nada na cozinha comunitária.
Para Eva Linhares, este foi “um encontro de profunda reflexão e inquietação. Vimos o tanto a ser feito e o pouco que nos disponibilizamos a servir. Tantas vezes fechamos os olhos e a mente para a realidade gritante ao nosso lado. Que Deus nos ajude a ter a coragem de abrir nossa consciência, as mãos e o coração”, finalizou a animadora.
O arcebispo de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, presidiu a missa no 1º domingo da Quaresma. “O que dá sentido à nossa vida é seguir a vontade de Deus. É por isso que queremos ser missionários em todo o mundo. Com Deus nós vencemos as tentações do nosso deserto”, disse o bispo em sua homilia. “Por isso devemos colocar Cristo no centro de nossa vida e na alegria de tê-lo encontrado procurar com que todos descubram esse grande segredo”, frisou dom Wilson ao encorajar os missionários.
O coordenador arquidiocesano de Pastoral, padre Rivelino Seidler também marcou presença no encontro. A programação incluiu trabalhos por forania que apresentaram as seguintes propostas, entre outras iniciativas: criar grupos de animação missionária (GAM) e Conselhos Missionários Paroquiais (Comipas); fortalecer as equipes de animação nas foranias; conscientização missionária nos Conselhos de Pastoral; promover projetos de missão; formação e espiritualidade missionária; criar e fortalecer a Infância e Adolescência Missionária (IAM), Juventude Missionária (JM); continuar com as Santas Missões Populares (SMP); criar diálogo entre os padres e coordenadores de pastorais sobre o trabalho missionário na arquidiocese.
Os grupos apontaram também, características de uma Igreja em saída: está profundamente ancorada em Deus Trindade; movida pela Palavra é testemunha encoraja; decidida a sair das estruturas não se deixa prender pela pastoral de conservação; coloca-se em estado permanente de missão; vive sua opção preferencial pelos pobres; sai para as periferias sem medo de se sujar na lama; é solidária, servidora e profética; busca formação continuada em vista da missão além-fronteiras.
Com a colaboração de Zenir Gelsleichter.