Agroecologia contra a desertificação

por Ivo Poletto *

Tive a alegria de participar da oficina sobre Mudanças Climáticas e Desastres Socioambientais na 16ª Jornada de Agroecologia “Keno vive” – assassinado a mando da multinacional Syngenta -, realizada em Lapa, no Paraná. Quando falei que o Brasil já conta com um bioma novo, o Deserto, e que ele já é maior do que o estado do Ceará dentro do bioma Caatinga, e que a desertificação avança até no Rio Grande do Sul, um assentado da reforma agrária reagiu e afirmou com segurança que é possível recuperar as áreas desertificadas. Ele falou da experiência da terra que ajudou a conquistar, que estava em franco processo de desertificação, fruto do mau trato e exploração do proprietário anterior. Em poucos anos, essa terra está viva, gerando alimentos ecologicamente cultivados. Basta dar carinho a ela, que a vida volta. Volta a cobertura vegetal, a fertilidade do solo, as nascentes de água.

Esse foi o tom do diálogo que realizamos. Ninguém deixou de denunciar as práticas dos que provocam o aquecimento do Planeta e o agravamento dos desastres socioambientais por causa dos eventos climáticos cada vez agroecologiamais extremos, no campo e nas cidades. Houve principalmente a denúncia muito concreta dos que desejam reduzir o tamanho da Escarpa Devoniana, que deve ser chamada Escarpa dos Campos Gerais do Paraná. Ela é uma das poucas áreas de preservação deste estado dominado pelo agronegócio, e agora, sempre famélicos de mais terra, mais riqueza e mais poder, esses senhores querem também as terras dessa reserva. Acontece que ela é necessária para garantir um mínimo de equilíbrio hídrico da região.

Mas, ao mesmo tempo, tanto os sem-terra como os camponeses assentados insistiram que precisamos ter esperança, e a base de sua esperança é a transformação da agricultura que estão ajudando a realizar. Eles e todos os participantes da Jornada são testemunhas e agentes dessa transformação. É possível recuperar a vitalidade da Terra, replantar florestas, recuperar nascentes, produzir alimentos sem produtos químicos e venenos. E claro, é possível insistir na organização das pessoas que desejam construir essa transformação.

O que podemos fazer? Apoiar a agroecologia, claro. Apoiar a luta para que esta tecnologia de produção de alimentos seja apoiada por políticas e recursos públicos. Apoiar a luta pela preservação da Escarpa dos Campos Gerais do Paraná. Apoiar tudo que cuida da Terra com amor.

* Ivo Poletto, Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS): www.fmclimaticas.org.br

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