A verdade sim; o espetáculo não

de Guilherme Antônio Werlang *

Parece que definitivamente o Brasil, ou melhor, alguns que acham que são os salvadores da pátria, perderam completamente a noção de responsabilidade de seus atos sobre o bem maior da nação.

Quando Juízes, Polícia Federal ou Militar, Ministério Público, jornalistas e seus patrões optam pelo espetáculo, mais que pela verdade e pelo trabalho silencioso; quando a exposição ao público com cobertura ao vivo e a cores se torna mais importante pelo espetáculo midiático, que a investigação, julgamento e punição com o devido ressarcimento dos prejuízos ao povo e nação defraudados, certamente se perdeu o rumo certo de passar o país a limpo.

6f80931e-a-operacao-lava-jato-e-o-dilema-do-processo-penalQuanto me consta a discrição sempre foi a característica maior dos excelentes magistrados e policiais, fiscais, promotores e investigadores. Quando a discrição é trocada pela exposição midiática, tornam-se atores e perdem completamente o foco e a finalidade do exercício de sua função de servidores públicos.

Quando um filho seu erra e erra muito feio, você como bom pai/mãe ou seja guarda de seu filho e responsável maior por sua conduta o adverte, corrige e pune com o rigor necessário, mas evita expô-lo ao público.

A punição exemplar não se faz pela exposição, mas pelos meios previstos na lei.

Quando os responsáveis por uma família, por uma associação, igreja ou organização social são os principais a fazerem questão de denegrirem a imagem dos seus, é evidente que também serão os principais responsáveis pela destruição completa de quem representam.

Sou totalmente a favor de todo o trabalho sério e profundo de toda a investigação, julgamento e punição de toda a corrupção que é endêmica no Brasil que vem roubando e prejudicando há décadas nossa nação, mas sou totalmente contra o método de espetacularização que se adotou. Policial Federal, Juiz, Promotor, Investigador, não é ator de televisão e nem âncora de jornalismo e não é pago em muitos mil reais e ponha muitos mil nisso, para transformar os corruptos em troféus de seus trabalhos e de suas conquistas.

Quando os maus brasileiros ocupam mais espaço na mídia que os bons, certamente estamos invertendo a ordem de importância de quem verdadeiramente merece aparecer na mídia por construir esta nação.

A imprensa brasileira está a serviço de quem e de que interesses. Será este o Brasil de verdade. Será que é esta porcentagem de brasileiros que deve passar a marca de quem somos? Um povo sofrido, com problemas sim, mas também alegre, trabalhador e em sua maioria honestos e bons?

O trabalho dos policiais, juízes, promotores, investigadores é pago em dinheiro vivo e não com bilhete de entrada em circo.

O Brasil não é um circo e merece mais respeito.

Concordo e vejo como único caminho de solução definitiva de nosso gravíssimos problemas nacionais pelo aprofundamento de toda a investigação, aprisionamento, julgamento e condenação com o devido ressarcimento dos danos causados de políticos, empresários, ou qualquer cidadão e cidadã que tenha praticado crimes ou ilícitos contra nossa nação, mas devo deixar claro que o caminho escolhido está mais prejudicando que ajudando o bem estar e o progresso do país.

Expor a imagem pública do Brasil como se aqui todos fossem corruptos, como se não houvessem empresas sérias e honestas, como se todos os políticos fossem corruptos, como se todos os produtos exportados fossem falsificados e sem qualidade é querer destruir o país e abrir as portas do entreguismo para que o capital estrangeiro, como se fosse melhor e sério, roube nossos empregos, nossas tecnologias, nosso capital e comande nosso rumo, nosso governo e nosso destino. O caminho escolhido é baixar nossa auto estima a tal ponto que pacificamente aceitemos o colonialismo e o império do primeiro mundo e vejamos nos estrangeiros a solução de nossos males.

A quem interessa transformar a infeliz e odiosa corrupção em espetáculo midiático para os quatro cantos do mundo?

Quem será que está financiando toda a investigação?

Qual será a origem do sistema de inteligência investigativa que está em curso?

A quem interessa enfraquecer as empresas nacionais que competem mundialmente com outros gigantes do mesmo setor e mercado?

A quem interessa manter o Brasil subjugado e não competitivo?

Quem vai recuperar a grande imagem do país diante do próprio povo brasileiro e diante do mundo?

A quem interessa mostrar um país que leva a marca de identidade como sendo um povo, uma nação de corruptos?

A VERDADE SIM! A PUNIÇÃO SÉRIA SIM! O ESPETÁCULO NÃO!

* Dom Guilherme Antônio Werlang é bispo da diocese de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz.

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