A Diocese de Osório acolheu nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro de 2018 o 13º Acampamento da Juventude e a 41ª Romaria da Terra do RS, eventos promovidos pela Comissão Pastoral da Terra do RS da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Sul 3.
Desde a 40ª edição realizada em Passo Fundo, em fevereiro de 2017, quando a Diocese de Osório recebeu a missão de trazer pela primeira vez para o Litoral Norte gaúcho a Romaria da Terra, muitas reuniões de reflexão e articulação ocorreram mobilizando lideranças de várias paróquias e regiões da Diocese.
Missão acolhida e assumida com muita dedicação, culminando como uma das Romarias considerada mais significativa, organizada e receptiva dos últimos tempos.
O espírito de “Igreja em Saída” tão incentivado pelo papa Francisco, no ano que a Igreja celebra o Ano do Laicato e, diante da proposta “Fraternidade e Superação da Violência” da Campanha da Fraternidade 2018, a 41ª Romaria da Terra do RS apresentou como proposta temática “Mulheres Terra: resistência, cuidado e diversidade”, sendo espaço fértil de denúncias contra todo o tipo de violência, especialmente, contra às mulheres, sem perder a relação de luta pela terra, por vida digna para todas/os, chegando a emocionar e marcar profundamente quem dela participou.
“Vi muita gente emocionada e, eu mesmo, por vários momentos, não consegui conter as lágrimas não por coisas grandes, mas gestos simples cheios de sinceridade e de fé”, conta Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da Diocese de Osório.
A Paróquia que acolheu a edição de 2018 da Romaria da Terra, composta pela Rede de Comunidades Senhor Bom Jesus, compreendendo os municípios de Mampituba e Morrinhos do Sul, na pessoa do Pe. Rodrigo Schüler, membro da coordenação geral dessa Romaria, agradece a todas as mulheres, que segundo Pe. Rodrigo, “carregaram a força do anúncio desta Romaria”. “As mulheres nos fizeram caminhar, num gostoso e belo pacto de gênero, onde juntos somos sempre mais irmãs e irmãos. Pessoas de diferentes lugares, comunidades e serviços, se uniram numa só voz, proclamando a vida em defesa da terra e das filhas e filhos da Terra”, afirmou Pe. Rodrigo.
Um evento como esse de abrangência regional, que alcançou a marca de 8 mil romeiras e romeiros vindos de diversas regiões do RS e das cidades catarinenses vizinhas, exigiu muita organização sem perder o objetivo central do evento. De acordo com Dom Jaime Pedro, “muitas coisas precisaram ser melhoradas e outras purificadas para não fugir do espírito e da mística própria daquilo que deve ser uma Romaria. Nossa intenção era dar um caráter celebrativo e vivencial a todo o dia. A meu ver, isso é que fez a diferença, a mística bem trabalhada com envolvimento afetivo e efetivo de muitas pessoas e grupos”.
Segundo Pe. Rodrigo, cada momento da Romaria foi pensado para levantar elementos que permitissem a cada uma e a cada um aprofundar o tema deste ano, mas também o próprio sentido da Romaria da Terra. “Desde a mulher indígena que proclamou a leitura na mística inicial, até a menina que plantou uma sementinha nas mãos dos romeiros na caminhada; desde as mulheres que irrompem da mata com seus tambores e latas conduzindo a caminhada, até as mulheres que movidas pela canção ‘A Cigarra’, de Elza Soares, dançam em meio ao povo, aspergindo a todas e todos numa atitude penitencial e de libertação do feminino”.
Para Pe. Rodrigo a presença forte e significativa de convidados na programação marcou a Romaria da Terra do Litoral Norte, como o monge beneditino, Marcelo Barros, que conduziu todas/os à mística da Terra. Izanete Colla e Maria do Rosário, trazendo no corpo e no olhar as vozes de tantas mulheres que resistem e que lutam por direitos e espaço. A presença de padres e bispos, e também reverendas da Igreja Anglicana, juntos em um mesmo espírito de fraternidade.
Dom Jaime Pedro também destaca a Romaria como oportunidade de experiência muito rica e edificante, sinal de uma Igreja que caminha com seu povo. “Essa iniciativa da Igreja do Rio Grande do Sul deve continuar como expressão de fé e de compromisso com os mais necessitados. É o povo de Deus a caminho, em busca de justiça e libertação”, afirma dom Jaime Pedro.
Todas/os que puderam participar em Rio de Dentro, tantos outros que acompanharam a Romaria de casa, por meio da cobertura realizada na página oficial no Facebook são lembrados por Pe. Rodrigo, sintetizado no depoimento abaixo, pela experiência de se colocar a caminho, em romaria, na construção da proposta de Cristo, o Reino entre nós, em uma prece de agradecimento aos que fizeram parte da história da 41ª Romaria da Terra do RS: “Quantos olhares, quantas histórias, vividas e marcadas por lutas e caminhadas, em meio ao povo que resiste. A fé nos une e nos direciona, sem medo, sem padrões, e na diversidade nos integra. Louvado seja! Meu Senhor! Que nos abençoou com aquele dia maravilhoso, de sol, em meio à natureza tão bela, que só nos fazia rezar, contemplar, e nos sentir povo de Deus.”
Amém!
E vamos todos a Diocese de Uruguaiana em 2019!
