Uma nova história ad gentes para o Regional Sul 4

Por Guilherme Bada Duzioni*

A missão é a atividade mais sagrada da Igreja, pois ela oferece aos homens a salvação dada por Cristo. No período de férias, de 17.12.2018 a 22.01.2019, aconteceu a experiência missionária ad gentes, intitulada Missão Anunciação, organizado pelo Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE) do Regional Sul 4 (Santa Catarina). Fomos acolhidos pelos missionários da Comunidade Católica Divino Oleiro, em Tite e Dom Pedro Zilli, na Diocese de Bafatá, no país da Guiné Bissau (África). Estavam envolvidos dez seminaristas, dos seminários maiores de filosofia e teologia das dioceses de Joinville, Florianópolis e Criciúma, e sete leigos das dioceses de Joinville e Florianópolis. Por que realizar este projeto de missão? Para contribuir de forma intensa com o tempo do Natal na Evangelização e proporcionar aos seminaristas e leigos uma experiência de saída da sua cultura e nação, e se lançar, inquietados por Deus, numa realidade chocante e desafiadora.

Guiné Bissau - seminaristas Sul 4 (15)Destaco três aspectos dentre os mais marcantes vividos em Guiné Bissau. No contexto da Evangelização é chocante pensar que lá os cristãos protestantes e católicos são em torno de apenas 12%. Inúmeras pessoas desconhecem Aquele que acreditamos: Jesus Cristo. Meu coração recordava demais as comunidades primitivas que anunciavam o Cristo para quem nunca ouviu falar, para outra cultura, outro modo totalmente diferente de viver. A força do Evangelho alcançava e continua a alcançar os corações que O desconhecem. Como é grande a necessidade de missionários que se deixam conduzir pelo Cristo junto aos territórios de missão ad gentes. Foi mandato de Cristo “Ide a todos os povos”. Uma das atividades que mais fizemos foi participar da catequese nas tabancas (comunidade rurais), tanto para adultos e principalmente para as crianças que são muitas. Também tivemos encontros com os jovens, visitas às casas e ao hospital. Cerca de metade da população pertencia às religiões tradicionais africanas, com vários ritos e costumes distintos dos nossos, como a poligamia. Outra parte, em torno de 40%, era muçulmana. Mas, por ambos, fomos acolhidos calorosamente em cada casa visitada. Rompe-se qualquer preconceito que se possa ter em relação aos muçulmanos ou ao sincretismo religioso das religiões afro no Brasil, que é bem diferente da África.

Guiné Bissau - seminaristas Sul 4 (11)Outro aspecto foi o da realidade social desse povo que marcou demais meu coração, pela acolhida, pela alegria que era constante, pela sede de Deus que tinham em seus corações. Prevalecem na sociedade muitos costumes dos povos nativos e dos muçulmanos que têm grande expressão por lá. Guiné Bissau é um dos países mais pobres do mundo. Tocamos e fomos tocados pela realidade tão dura da pobreza sentida no contexto da África. Vimos o quanto significam os projetos de caridade, mantidos pela Igreja, para aquele povo. Ao visitar o hospital do vilarejo, vimos que nem se compara com nossa realidade. Faltam recursos para atender tantas doenças, como tuberculose e HIV. Conhecemos um projeto de cinco escolas primárias que atendem em torno de 500 crianças, oferecendo os professores e a refeição do almoço. A alimentação é escassa, a higiene é precária, as condições básicas. O governo, que sofre com guerras civis, não oferece condições necessárias por não ter recursos. As distâncias para ir à escola ou para o hospital são enormes. A realidade vista gerava muita inconformidade no coração. Como podem ainda existir tais condições indignas para o ser humano?

Guiné Bissau - seminaristas Sul 4 (2)Por fim, destaco as crianças. Ao mesmo tempo que nos chocava ver as condições em que se encontravam, transmitirem tanta alegria e amor. Todas as crianças das tabancas receberam roupas e balas na época do Natal, levadas de doações do Brasil. Foi uma festa! Em cada criança, eu contemplava o Cristo que continua inocente a passar fome, a ser explorado, desconsiderado pela sociedade. Sorrisos, abraços e encontros ganhavam nosso coração. É algo que não definimos com precisão nas palavras, mas o nosso coração experimenta, e fica marcado! Além das crianças, complemento dizendo que os jovens são uma grande esperança naquele lugar. Os jovens cristãos tinham que romper com a família para professar a fé e vários o faziam. São grandes protagonistas da evangelização local. Fizeram uma frase para nossa despedida, no último grupo de jovens que encontramos, e com ela eu concluo, “a despedida é uma tristeza, mas não é o fim, é o começo de uma nova missão”.

* Seminarista

 

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