Síria: a tragédia dos interesses envolvidos na guerra

“Nesta situação tão fragmentada, com tantos interesses e atores em cena, é difícil a certeza total de como as coisas estão, mas pelo que conhecemos, com base em nossas experiências, não consigo imaginar que o governo sírio seja tão precário e ignorante para cometer erros tão crassos. São estas as primeiras considerações feitas pelo bispo sírio Antoine Audo, que governa a diocese caldeia de Aleppo, sobre o bombardeio com armas químicas realizado em Khan syria-fran4Shaykun, na província síria de Idlib, em uma área ainda em mãos de milícias anti-Assad, começando pelas da frente de Al-Queda em al Nusra. O bombardeio provocou a morte de dezenas de pessoas, inclusive muitas crianças.

A guerra na Síria já matou mais de 400 mil pessoas e fez 11 milhões de refugiados.

O bispo Audo, responsável da Caritas Síria, admite que os cenários do conflito sírio são aparentemente enigmáticos e manipulados por propagandas contrapostas: “já em outros episódios delicados da guerra”, acrescenta o Bispo caldeu, “casos de uso de armas químicas tiveram um impacto desestabilizador na situação. Dois dias atrás, o Presidente USA Donald Trump disse que Assad faz parte da solução do problema sírio. Agora faz declarações dizendo o contrário. Existem interesses de forças regionais implicadas na guerra. É sempre bom levar em conta isto, sobretudo quando certas coisas se repetem com dinâmicas muito semelhantes e provocam as mesmas reações e os mesmos efeitos já sentidos no passado”.

Em 21 de agosto de 2013 se verificou um ataque químico em Gutha, nos subúrbios no sudeste de damasco, em mãos de forças anti-Assad. O ataque ocorre depois que o então Presidente dos EUA Barack Obama, cerca de um ano atrás, havia indicado precisamente a utilização de armas químicas como “linha vermelha” para uma possível ação armada contra a Síria. O Governo sírio e as milícias anti-Assad se acusaram sempre mutuamente da responsabilidade daquele ataque. Seguindo uma iniciativa russa, aquela fase de crise aguda internacional – marcada pelo temor de uma iminente ação militar liderada pelos EUA contra o regime de Assad – foi resolvida com a adesão da Síria à Convenção sobre armas químicas e a sucessiva distribuição do arsenal químico sírio, ocorrida sob a égide da ONU.

Fonte: Agência Fides

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