Morre em Paris o frei Henri des Roziers, defensor dos direitos humanos

Frei Henri des Roziers faleceu na tarde deste domingo, 26, de novembro em Paris, aos 87 anos. Advogado de formação e dominicano por vocação, tornou-se um dos maiores defensores dos direitos dos trabalhadores rurais e camponeses da Amazônia.

Frei Henri Burin 1Segundo o colunista Leonardo Sakamoto, a morte de Henri ocorreu devido o agravamento de seu estado de saúde (ele havia sofrido acidentes vasculares cerebrais e tinha uma miopatia congênita, que paralisava seus músculos).

Combativo, formou-se em Direito e era doutor em Direito Comparado, pela Universidade de Cambridge. Henri foi ordenado sacerdote em 1963 – cinco anos antes de participar dos protestos de estudantes e trabalhadores em Maio de 1968 nas ruas da capital francesa.

Henri vem ao Brasil em dezembro de 1978, quatro anos após a morte de frei Tito durante seu exílio, na França, em consequência da tortura que sofreu do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Desde então, os laços com o Brasil e a Amazônia só se intensificaram.

Abaixo um texto de frei Betto publicado em O Globo ontem, 26/11/2017.

Obituário: Frei Henri des Roziers, defensor dos direitos humanos

Faleceu neste domingo, em Paris, aos 87 anos, o frade dominicano Henri des Roziers, que viveu no Brasil de 1979 a 2013. Formado em Direito, atuou como advogado da Comissão Pastoral da Terra em Goiás e no Pará. Por defender os pequenos agricultoresLe-P-Henri-BURIN-DES-ROZIERS-dominicain-Au-Bresil-depuis-1984-consacre-defense-paysans-sans-terre-dans-Etat-Para_0_1400_839 e os sem-terra do Pará, frei Henri foi ameaçado de morte na região de Xinguara (PA), onde residia, pelos fazendeiros locais. Na lista dos “marcados para morrer”, a sua cabeça valia R$ 100 mil. A da irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, R$ 50 mil.

Frei Henri atuou na condenação dos assassinos dos líderes sindicais João Canuto, morto em Rio Maria (PA) em 1985, e de seu sucessor, Expedito Ribeiro de Sousa, assassinado em 1991.

Em 1994, o dominicano foi condecorado com a Legião de Honra da França, e recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua atuação em prol dos direitos humanos.

Devido a graves problemas de saúde, que dificultaram sua mobilidade, frei Henri retornou a Paris em 2013.

Em 2016 a editora Du Cerf, de Paris, lançou o livro de Sabine Rousseau, ainda inédito no Brasil, “Apaixonado por justiça”, que retrata a trajetória de frei Henri des Roziers.

* Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.

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